sábado, 10 de junho de 2017

O rio

O rio trouxe as vozes do passado
Afagando a minha em surdina
Ergueram-se todas as sombras
Como castelos em cada esquina
O verde deste rio
É um corropio de saudade
A uns mata-os a distancia
A outros, a cruel vaidade

MRodas

Homenagem a Camões



A melhor homenagem a Camões é conhecê-lo! E lê-lo!


http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/camoes.html

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Eram duas

Eram duas, mas podiam ser mais
Uma floresta
Um deserto
As pedras entre nós
Olhar no centro do sorriso

Eram mais, mas podiam ser duas
As mãos que acariciam
As bocas que beijam
As ruas que não tēm fim

Eram muito mais que essas
As cerejas no teu regaço
Perfeito equilibrio na tarde de junho
Entre a promessa que fizeste
E as que fui cumprindo até hoje!


MR

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Dragões

Diz-me que sou o teu dragão
Diz lá
Diz que me levas pelos ares
Me incendeias a alma
E derretes a minha indiferença

Não
Eu sou o teu dragão
E levo-te aquele palácio de musgos e cal
Onde as manhãs claras são antes das noites sombrias
Convoco o fogo
Para que o teu corpo
Não mais arrefeça
E a solidão seja um circulo longínquo

Em cada escama
E em cada garra
Eriço o desejo
Para que voes e
Na ultima ameia de cinza
Me libertes e sejas minha!

MR

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Brincar

Há quanto tempo
Não via crianças a brincar na rua...
Os chilreios, as risadas

Foge que te agarro
Assim não vale
Eu estava primeiro
Era a minha vez...
Anda lá
Só desta vez...ou sempre!

Vem até mim
Este sussurro da infância
No apelo mais íntimo e solene
Da longa noite de adultos àvidos

Voltam os desafios
Os fantasmas, as esperanças
Voltam as mûsicas, as danças
Só tu não voltas, mae
Com manhãs floridas nos olhos

O teu olhar cansado
Cheio de recados e promessas
Foi na torrente dum rio
Esperar a minha foz, mãe!

MR

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Naufrago

As manhãs sustêm-me as mãos
E semeiam afagos
Nas tuas marės

Quando as tardes te tomam
Vejo no teu sorriso
A vaga memória
Dos meus naufrágios

Só a noite nos redime
entre velas e mastros
cestos, sal e vime...

MRodas

domingo, 4 de junho de 2017

Flor da Murta


Flor de Murta
Em teu peito breve
Floresce
Perfume solene

Murta
Senhora
Ou flor
Do mesmo
Jardim

Perfume de rei
Mulher de marqueses
Mãe de mão cheia
Senhora, senhora

Adopta o branco
A renda, o cetim, 
Ata no mesmo nó
O amor e o fingimento
A glória e o sofrimento.

MR











terça-feira, 30 de maio de 2017

Sabes porque não voas?

Sabes porque não voas?
PORQUE NÃO LÊS...
Se voasses, lias
enquanto voavas.
Ó pá, voa quando lês!

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Era uma vez...uma árvore


Era uma árvore que escorria pelo muro
queria pintar o mundo
com a alma das árvores.
Tinha ideias, tinha sonhos
tinha rebentos e frutos
só não tinha tinta de verdade

Cada dia ia atrás das sombras 
deixava-se ficar deitada nos muros.
Passado tempo
a sombra ficava colada no muro.
Era um jogo íntimo
uma seiva de luzes e sombras.


Mas um dia 

veio a guerra
e acabou a brincadeira.

Quando se retirou
lá para dentro, para o seu mais íntimo 
chamou a sombra
mas esta resistiu e ficou. 

A sombra sabia que um dia haveria paz
e nessa altura era preciso 
voltar a pintar os muros
com as cores de cada um.

MRodas



quarta-feira, 24 de maio de 2017

Lisboa-me!

Lisboas-me,
Quando me prometes o casario
As cores e os sussurros
Os pregões nas tuas manchas mais escuras!
Levanta-se em mim
Uma força antiga e primitiva.
Abraço-te
Percorro-te descalço pelos telhados
Levado pelos teus fados e caravelas

Enquanto tu
Me ofereces, em promessa,

um rio e uma ponte.


MRodas

terça-feira, 23 de maio de 2017

Morro

Lentamente eu morro
Dissipo-me em partículas acres
Com sabor a pinhões
Nas névoas dilaceradas de impossíveis...

Morro
Como o vento apaga com areia
Os sulcos da cobra
Ou a noite invade alegria
Esvaida em cada dia!

Não quero, mas morro
No azedo dos teus olhos ácidos, doentes
Limão ressequido de ásperas noites
Frio, frio mesmo aqui
Onde era suposto
Arrancar o ultimo grito à serra
O derradeiro olhar ao dia
E no teu destino semear flores...

Morro! Morro agora, para viver depois!



segunda-feira, 22 de maio de 2017

Nós

"Nós, para os outros, apenas criamos pontos de partida."


Simone de Beauvoir

Aveiro 2017

O dia começou às 5 h eis 7 já estava apanhar o combóio na gare do Oriente.



Ainda deu tempo para umas fotos.




O Paulo estava ensonadamente admirar a paisagem.




A estação é linda.



Em Aveiro às 9H a admirar os clássicos!



O Barata e o Paulo Espiga já com muita luz pela frente! E não é que fomos dar uma volta de Chaimite, e eu que nunca andei de Chaimite. Não resisti e gritei: 25 de abril, sempre!






O Paulo também!




E depois foi desfrutar...





Ao almoço, sabem quem encontrei?
A junção do meu nome com o do meu irmão! Teve piada.



E Aveiro é bem a Veneza portuguesa...


Ainda deu temp para este grafiti









E por fim, ainda antes do leitão na Bairrada, saiu a assinatura!

segunda-feira, 15 de maio de 2017

O realinhamento da fronteira do Lindoso



page24image1472 page24image1632
Os conflitos fronteiriços
no Lindoso e o realinhamento da fronteira


“O Juiz e mais Oficiais da Câmara do concelho de Lindoso, em seu nome e de todo o Povo, representam a Vossa Alteza Real que no ano de 1773 os moradores dos lu­gares de Bao, de Compostela e Ludeiros, vizinhos à raia do Reino da Galiza, cortaram a maior parte das vinhas que os mo­ radores deste concelho possuem no sítio de S. Maria Madalena e leva­ ram as cepas em carros para o dito Reino (...). Desde aquele tempo até o ano de 1800, têm estes pobres moradores experimentado mil ruínas, como foi queimarem­lhe as casas que de tempo imemorial possuíam na­ queles montes, ou arruinarem­lhas fundamentalmente da mesma sorte, queimarem­lhe os colmeais, arrasarem­lhe as paredes e curros em que recolhiam os seus gados, etc., de que tudo, e da falta da pro­ dução das mencionadas vinhas, tem resultado aos moradores deste con­ celho um considerável dano que monta uns poucos de contos de reis, além dos insultos graves perpetrados em suas próprias pessoas. De tudo isto se tem dado a Vossa Alteza Real repetidas contas, por cuja causa têm vindo aqui vários Ministros, mas inutilmente (...)” (trecho de um requerimento provavelmente de 1800).

Inúmeras são as exposições, requerimentos e ofícios mostrando os antigos e contínuos desacertos entre os moradores do Lindoso e os da Galiza próxima, tanto ocorridos no monte da Madalena como na serra do Quinjo (actualmente Quinxo, em Espanha). A contenda ter­se­ia iniciado por volta do começo do segundo quartel do século XV, quando o alcaide­ ­mor do castelo do Lindoso vendeu a vacaria que tinha e os gados deixa­ ram de pastar, como sempre fizeram os dos seus antecessores, naquela parte portuguesa da serra. A desocupação desses terrenos, e a abundân­ cia de pastagens nas vizinhanças do Lindoso, deu lugar a que os galegos das aldeias próximas os ocupassem, sem oposição portuguesa. Porém, em 1538 procedeu­se ao tombo do termo de Lindoso, cujos resultados se re­ presentaram cartograficamente nos começos de Oitocentos, quando a ques­ tão se voltava a reacender, quer por Custódio José Gomes de Vilas Boas (1803), quer por Raimundo Valeriano da Costa Correia (1807). No entan­ to, não se conseguiu proceder então à demarcação, ora por falta de com­ parência dos comissários espanhóis, ora pela sua dilação. Não era só a serra do Quinjo que era motivo de discórdia, por pretenderem os galegos que o limite dos dois países passasse pelo rio Tibo ou Várzea (hoje, rio Castro Laboreiro); a questão era sobretudo nesta altura com o monte da Madalena, onde os moradores do Lindoso iam regularmente em romaria à capela aí existente e onde tinham vinhas, colmeias e campos agrícolas, mas que os vizinhos do outro lado pretendiam desalojar, estendendo o limite da fron­ teira para o rio Cabril.

Quando, em meados do século XIX, a comissão preparou a pro­ posta de demarcação, confrontava­se com a existência de vários limi­ tes: aquele que os espanhóis pretendiam (pelos rios Cabril, Lima e Castro Laboreiro); o marcado no tombo de 1538, que os portugueses reconhe­ ciam (que partia da Cruz do Touro, na serra do Gerês, descendo até à Pedra do Bozelo, ou Bozelho, e atravessando o Lima, subia ao Quinjo e ia paralelamente a este rio até à confluência com o de Castro Laboreiro; e, ainda, o anterior a este, abrangendo os terrenos outrora ocupados pelos alcaides do Lindoso e que os espanhóis haviam usurpado.
Apesar das memórias então apresentadas e das provas irrefutá­ veis, o comissário português aceitou a proposta espanhola a troco de compensações, com muitos agradecimentos de Bourman: este “era o terceiro presente” que Cabreira lhe oferecia (Vasconcelos e Sá, 1861, transcrito por José Baptista Barreiros, 1961­1965)! 
A solução final para o litigioso monte da Madalena, dirimido por via diplomática, viria a di­vidir o terreno questionado em duas partes iguais (veja­-se o artigo 4.o do Tratado de 1864), acabando a linha de fronteira por ficar posiciona­da a Este da capela, e não no rio Cabril, e seguir por onde pretendiam os espanhóis, na restante parte.

https://www.igeoe.pt/downloads/file143_pt.pdf
 page24image27528

terça-feira, 9 de maio de 2017

Simão Bolivar


Herói da História e dos povos
Herói dos meus sonhos de justiça
Ainda ouço a brisa que sopra da America do sul,
até ao meu canto, aqui na Ibéria...
A arte de vencer aprende-se nas derrotas
O governo mais perfeito produz a maior quantidade de felicidade possível,
maior quantidade de segurança social e maior quantidade de estabilidade política
O povo deve ser obedecido, até o momento que erra
É dificil fazer justiça a quem nos tem ofendido
A liberdade é a esperança do Universo

Grito: a liberdade é a esperança da liberdade!


MRodas

São verdes

Em cada nervura do teu corpo
Repousa o luar a seiva
Gota a gota
Em cada brilho
Olhar que alto vive!

Repousam no teu verde
Ávidos de luz
Os sonhos que não desistiram
e que a mim sempre tornam

Como o menino procura o seio da mãe
E a mãe o olhar do seu menino!


Manuel Rodas

terça-feira, 2 de maio de 2017

O Ramos

Partiste mensageiro
de todas as manhås
com as notícias frescas
das guerras e bombas, inundações e atentados, o deficit, as eleições...
O mundo passava do teu saco para a banca e da banca para as mão dos clientes...
Um sorriso, um comentário ao lado da bengala, enquanto mais uma bomba caía na Síria
Quando vamos à pesca, perguntava eu.
Um dia vamos. Apanhamos os peixes e fazemos uma petiscada.
E as bombas?
Guerras sempre houve.
Mas...lá longe, não é?
Aqui há corrupção, fome e desemprego
Há misėria...mas bombas não!
E as notícias?
Está ali o seu jornal, acolá na esquina...
Obrigado, amigo Ramos, obrigado!
E agora, quem traz as notícias?
A tua ausēncia não vem nas notícias
nem as notícias querem saber de ti, nem de mim.
As notícias querem bombas, mortes, sangue para vender
e quando não há, inventam:
O homem mordeu o cão...
Adeus, Sr. Ramos, adeus!

Manuel Rodas










Obs.
Passados 5 anos, num restaurante chinés, o meu amigo Rúben apresenta-me a namorada. Uns olhos brilhantes uma boca a abrir-se para o mundo , cabelos lisos e a vida estampada no rosto.
Mais conversa, menos conversa, o que interessa é que descobri a neta do Ramos! 
Como é possível?
Nem sabia que tinha uma neta! 
A vida é muito mais interessante que a morte. Um homem só morre quando morrer o último homem que o conheceu!

domingo, 30 de abril de 2017